Um blog pessoal para compartilhar ideias com amigos e familiares. Todos os posts de autoria exclusiva do autor, e eventuais citações de terceiros com nomes dos respectivos autores e/ou textos destes em destaque. PauloCCSaraceni

AO VENCEDOR NÃO AS BATATAS MAS A DIGNIDADE DO MÉRITO

Esquerda e direita sempre estiveram nas discussões políticas, no falso conceito reducionista de que estes lados ou direções expressam ideias, que se contêm estanques, definitivas, mas em verdade impregnadas pela empatia do discursante de turno, que lhes promovem as virtudes ou os defeitos, segundo a própria afinidade.
Histórica e tradicionalmente sempre se perorou as virtudes da sinistra, como a via revolucionária, em face da reacionária destra. Destreza dos que se pretendem formadores de opinião, que reforçam este falso embate, e colhem o estereótipo virtuoso para o seu lado.
Um presente da história, da Revolução Francesa, esta ideia não se conforma nem na lógica e muito menos na prática das atuais políticas.
É mais que hora de se superar esta pretensiosa e abominável dicotomia na política.
Pensar é rever os conceitos, romper com as premissas cegas e fossilizadas — a evolução não deve ser refém de clichês.
Hoje existiriam os que prezam a liberdade acima de tudo, que não aceitam um Estado interventor, usurpador, corporativo, paquidérmico e oneroso para a sociedade, direita volver.
E existiriam aqueles que posam de igualitários, humanitários, coletivistas e vendem a fábula do Rei infinitamente bom e generoso, às custas do trabalho, da produção e do empenho de todos, esquerda volver.
Nada mais estereotipado, falso e raso.
Todas as virtudes não cabem em uma ideia, em uma palavra, ideologia ou partido. Nem os defeitos.
Romper com os rótulos, recusar os estigmas e não se conformar com esta classificação simplista, imposta pelo discurso reprodutivo, reacionário e ordinário que a tradição linguística, mundana e cega nos legou, é libertador.
A inteligência se renova, evolui,  como os conceitos, e se vale da experiência, que é dinâmica, infinita. 
Seria a morte das Ciências, do Conhecimento, encerrar em uma ideia toda a verdade.
O homem não seria o condutor do seu destino, estaria condenado a comer os frutos pendentes e a abater os animais que a natureza lhe oferecesse, além de ainda temer o fogo.
Um diálogo no tempo entre Pitágoras, Platão, Sócrates e Aristóteles, e todos outros, revelam a insuficiência de um pensamento, o conflito genial de ideias. Uns e alguns eram mesmo até discípulos ou mestres entre si. Mas nenhum refutou a grande verdade Socrática — a consciência da ignorância é a melhor sabedoria.
Assim como não sou o mesmo Paulinho (o que lamento na forma, especialmente) que nasceu e viveu sua infância e adolescência na provinciana, embora efervescente e trepidante, e muito saudosa Guararapes, que tinha no Cine Paratodos a única janela para o mundo — com os celuloides remendados das matinês do Gordo e Magro, do Tarzan, do Roy Rogers, e depois com o encantamento quimérico de Fellini e o engajamento de Costa Gavras — ninguém nada mais de uma vez no mesmo rio, e os da minha infância, o Barra Grande e o Borboleta hoje, infelizmente, não devem passar de um veio de água.
A discursiva e jovial esquerda — hoje um tanto envelhecida pelo discurso e, especialmente, pela prática quando nos governos — a realista e pragmática direita, todas elas e nenhuma, têm razão!
Não existe a aventura humana sem o indivíduo e o seu caminho de plena liberdade, com sua crença pessoal, sua ambição, suas ações,  na realização dos próprios sonhos.
A aventura é solitária, num caminho que pode ser partilhado, especialmente no respeito a cada desígnio, e os encontros reforçam os sonhos de todos, com o prêmio justo na medida da coragem,  e da determinação de busca de cada um.
A estrada do sucesso não admite o ócio, nem contempla a covardia, e nunca obstrui a trilha pessoal de outrem.
Ao peregrino que vence, todo o extrato do seu trabalho e todo o sucesso da sua jornada, é justo, é o móvel de todos que querem chegar. Bendita meritocracia.
Só o trabalho, os mercados, a livre iniciativa, o empreendedorismo individual é que criam riquezas, promovem o indivíduo e estimulam o progresso das ciências — direita volver!, já ouço os gritos.
Ao Estado cabe o respeito ao indivíduo e à sua própria determinação, zelando pelos fundamentos de uma sociedade livre, plural, na plena proteção à dignidade humana (princípio Constitucional, entre nós), zelando pela igualdade de todos em face da Lei.
A evolução, a eficiência é garantia de sobrevivência natural entre todas as espécies, e aquele que produz melhor no seu meio compete com a própria aptidão, aprimora o esforço humano do trabalho e entrega novas ferramentas.
A liberdade, a aventura individual é o motor do mundo, que desvendou os maiores segredos da ciência, criou as mais belas cores da arte e construiu as colossais cidades e obras da engenharia e arquitetura.
Premiar todos estes gênios, reconhecer estes trabalhos, incentivar estas inspirações é entender que a natureza é singular, é única em cada existência, e o universo só existe pelo brilho diferente de cada estrela.
O mérito de existir é de todos, mas é maior em quem transforma o mundo e a humanidade.